Emoção, arte e técnica

Emoção, arte e técnica

“Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações’’ – Ana Vilela

Era exponencial, convergência digital, geração de conteúdos de forma quase instantânea. O ceo da Jazzer Louis Burlamaqui começa sua palestra sobre “Domínio emocional na era exponencial”, mesmo título de livro de sua autoria, lembrando que o mundo mudou, ainda está mudando, e, provavelmente, essa mudança apenas começou.
Isso está exigindo muito de todos nós e vai exigir mais ainda. Saímos de um mundo linear no qual os recursos eram tangíveis, em que havia hierarquia, competição, controle, repetição e no qual a propriedade era um valor tendo em vista um sistema escasso. Estamos em um mundo exponencial, no qual os recursos são intangíveis, tudo é distribuído, os valores incluem  cooperação, confiança, inovação e acesso e o sistema é considerado abundante.
Tudo isso ajudou a reordenar nossa consciência, nosso modo de pensar e de agir. Somos consumidores voláteis, queremos entender o que estamos consumindo, estamos aprendendo a escolher, e como colaboradores queremos ser partícipes e questionamos o modus operandi das organizações.
Este mundo que está surgindo, salienta Burlamaqui, vai diametralmente oposto ao costume de se pensar de cima para baixo, quando se trata de organizações hierárquicas. “Não é assim que os resulta-dos fenomenais serão produzidos”, alerta. Sistemas gerenciais baseados em comando e controle não será mais um sistema válido.
Há uma evolução evidente da liderança hierárquica à liderança em todos os níveis – de cima para baixo, de baixo para cima e de lado. A liderança não vem da posição, ela vem de um lugar de contribuição “E é importante que se diga: se conhecimento, habilidade e atitude fossem suficientes, teríamos líderes extraordinariamente transformadores”, avalia.
Nossa mente foi treinada em um modelo de mundo antigo. Treinados a reagir. Atuar a partir do externo e do passado. “Hoje, temos que desaprender para aprender. Não é à toa que as pessoas estão adoecendo atualmente com maior intensidade. A grande pergunta é: onde nos perdemos a ponto de querer nos buscar, de novo?”.
Burlamaqui lembrou do tsunami na Tailândia em 2004. Um terremoto quatro dias antes alertou os animais, todos haviam se afastado da costa, menos os humanos. O que fez com que perdêssemos totalmente nossos instintos, nossa ligação com a natureza? O ceo lembra que para lidar com o novo mundo precisamos nos revisitar. Entender sobre nós mesmos. E uma das chaves para saber lidar com esse mundo mutante é conhecer nossas emoções. Saber que pensamento, sentimento e emoção são coisas distintas. Porém, pensamento e sentimento andam juntos, emoção já é consequência e pode ser boa ou má.
O domínio emocional requer reconhecer o que se sente, ser capaz de expressar aquilo que se sente e ser capaz de mudar os estados emocionais por pensamentos ou ações. Burlamaqui destacou que são 270 emoções existentes. Estudos agrupam 9 estados emocionais. Apatia (falta de sentido de viver), tristeza (frustração de expectativa), medo (instinto de proteção), raiva (acúmulo fortíssimo de energia), orgulho (pessoas presas ao passado, ao que fizeram), luxúria (o desejo de ter tudo), paz (busca incessante da calma), poder (a ilusão), alinhamento (busca de equilíbrio).   Para todos esses estados, a resposta é a reflexão. Na apatia, ver as oportunidades de mudanças; na tristeza, a raiva contida, fruto de frustração, transmutar em possibilidades; no medo, lembrar que a questão é lidar com as consequências; na raiva, perceber a indignação diante das injustiças e buscar liberar e lembrar que ela começa e termina na gente; no orgulho, verificar o que se pretende fazer, o que ainda enche os olhos; na luxúria, entender que querer mais é salutar, querer tudo é insano; na paz, procurar achar o seu próprio ritmo; no poder, entender que o mais importante é o poder que temos sobre nós mesmos, nosso empoderamento e autorresponsabilidade; no alinhamento, aceitar que podemos perder o “equilíbrio”, o mais importante é a rapidez com que voltamos para o nosso eixo.
Burlamaqui destacou que temos a capacidade de cocriar nosso futuro. O fundamental é que essa cocriação seja tão fantástica que nos puxe. Avante e sempre ao alto. Dominar as emoções é conhecê-las, percebê-las, aceitá-las de modo que elas contribuam para o nosso desenvolvimento e felicidade e não ao contrário.

Louis Burlamaqui
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