Depoimento 9: desafios da pandemia

Enfrentando a pandemia
(Foto: Assessoria de Imprensa/Unimed Paraná)

Não está fácil para ninguém. A Covid-19 imprimiu um novo ritmo à vida de todos. À dos profissionais de saúde, não é diferente. O susto foi grande para a maioria. Muitos ao escolherem essa área já intuíam os riscos, mas a realidade, na maioria das vezes, se sobrepõe às expectativas. Foi o que aconteceu em relação à essa pandemia. Todos, no entanto, mantêm a convicção de que, no mínimo, sairemos dessa mais fortalecidos.

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E você o que acha? Fomos ouvir o grupo de profissionais que trabalha no Centro de Atenção Personalizada à Saúde (APS), da Unimed Paraná. Veja o que eles disseram.

“É gratificante poder cuidar de pessoas e ser instrumento para ajudá-las no restabelecimento da saúde física e psíquica delas. Eu sabia que situações como dessa pandemia poderiam acontecer, pela própria história da medicina, mas não imaginava que passaríamos pelo que estamos passando hoje.  Por isso, nos preocupamos e estamos estudando e nos preparando desde janeiro/fevereiro. Buscamos aprender e trocar experiências com outros colegas do Brasil e de outras partes do mundo para que quando aqui chegasse já estivéssemos mais preparados.

No entanto, estar de frente com um vírus novo, uma doença desconhecida com potencial de gravidade como a Covid-19, é muito difícil e desafiador. Nos coloca numa posição de vulnerabilidade, de exposição própria e também de nossos familiares, no meu caso, marido e filhas. Deu medo, sim! Mas estudei e escolhi ser médica, fiz um juramento e não iria me furtar de exercer isso neste momento que tantas pessoas precisam de nós. A pressão a que estamos vivendo é enorme. O sofrimento que essa doença traz, não somente para o paciente, mas também para a família, é enorme. Isso tanto pelo sofrimento físico, quanto pelo isolamento, além do medo de contaminação (contaminar ou ser contaminado) e também da morte que vem escancarada com a Covid-19.

No início, o meu medo maior era o de contaminação. Medo de nos contaminar e de levar a doença para dentro de nossas casas.  No entanto, à medida que o tempo foi passando, percebemos que esse medo foi diminuindo. O que ajudou bastante foi o fato de desde o começo da pandemia, termos o apoio de nossa gestão, com fornecimento de EPIs, treinamentos para proteção individual de toda equipe, entre outros. Além disso, reorganizamos o nosso processo de trabalho e a estrutura física, o que nos deu tranquilidade para exercer nosso trabalho nessa nova situação.

Em meio a tudo isso, um momento que tem sido gratificante é ver a recuperação dos pacientes, ver o quanto temos podido ajudar a aliviar o sofrimento dos nossos pacientes. Ter nosso trabalho reconhecido tem muito valor para mim. Graças a Deus não tivemos nenhum óbito, temos tido todo apoio da gestão para desempenhar nosso trabalho e isso minimiza nossa angústia frente as incertezas da Covid-19.

Apesar de tudo, acredito que essa pandemia trouxe uma oportunidade de aprendizado, de crescimento pessoal e profissional. Creio que ela tem trazido a todos a necessidade de reflexão de que somos seres mortais, de que a vida tem um valor que muitos não sabiam ou não tinham consciência. De que precisamos valorizar o hoje. Valorizar a família, os amigos. Acredito que trouxe, ainda, a oportunidade de fazer diferente, de replanejar a vida e viver verdadeiramente um dia de cada vez. Isso tudo já fazia parte da minha vida, até pela minha formação em Medicina Paliativa, mas ficou ainda mais evidente. E acredito que tem sido muito transformador, para muitas pessoas. Talvez, especialmente, para aquelas que tiveram a doença muito próxima de si”.

Ana Paula Menezes Torga –  médica de Família

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