Cooperativa realiza telemonitoramento de beneficiários com mais de 70 anos

Cooperativa realiza telemonitoramento de beneficiários com mais de 70 anos
(Foto: Ilustração/Pixabay)

Muitas adversidades surgiram com a pandemia da Covid-19, especialmente a grupos mais vulneráveis, como o de pessoas idosas. Atenta a esse cenário, rapidamente a Unimed Curitiba deu início a uma ação de cuidado durante a quarentena para monitorar a saúde dos beneficiários com mais de 70 anos, principalmente dos que participam dos programas de Promoção à Saúde que a cooperativa oferece. O intuito principal é acolhê-los e mostrar que a Unimed Curitiba está ao lado deles neste momento difícil.

A ação está sendo conduzida pela área de Serviços Próprios com o apoio do setor de Promoção à Saúde e tem como objetivo acompanhar como está a saúde física, mental e social em tempos de Covid-19. Além disso, são oferecidas orientações sobre medidas de prevenção e necessidade do isolamento e explicações sobre quando é necessário procurar atendimento médico. Até o dia 30 de abril, 9.184 pessoas receberam ligações de profissionais do setor de Promoção à Saúde, o que representa 37% do total de beneficiários desta faixa etária.

Os contatos são feitos por telefone. Durante a conversa, são identificados pontos de atenção a serem monitorados. Entre uma ligação e outra, a psicóloga Jenima Prestes conversou com o beneficiário Waldir Schreiber, de 83 anos. Após o primeiro contato, Waldir resolveu mudar algumas atitudes para superar o mal-estar que o isolamento e o distanciamento físico estavam causando e resgatou um hobby antigo que lhe faz muito bem: escrever poemas.

Mesmo com dificuldade visual, ele se desafiou e quis transmitir por meio das palavras o cuidado da cooperativa e dos profissionais da Unimed Curitiba, que considera como amigos em meio a tantas incertezas. “Todos no mesmo barco tendo os mesmos medos e incertezas. Em alguns dias, pode nos faltar ânimo ou mesmo confiança. Por isso, saber o valor do que fazemos nos enche de propósito”, ressalta Jenina.

Waldir é beneficiário há mais de 10 anos e conta que, devido à quarentena, ele e a esposa, Clara, de 81 anos, não podem sair de casa. Antes, estava acostumado a sair, fazer compras e trabalhar – formado em eletrotécnica, era responsável pela manutenção preventiva do gerador de uma fábrica de vidros. “Com a COVID-19, tudo parou e estamos bastante isolados. Quando a psicóloga ligou, me animou e eu fiz um versinho. E já fiz outras poesias, estou me divertindo. Sempre gostei de poesia, mas nunca fui poeta”, afirma.

Além de se sentir honrado por receber esse cuidado, Waldir ressalta que não esperava que alguém se interessasse por ele com boa vontade, sem ser por mera obrigação. “Isso me deixou bem animado. É um atendimento muito bom, mais do que eu esperava. Dessa parte psicológica eu gostei muito”, avalia. Waldir e a esposa estão bem de saúde e obedecem a todas as instruções recebidas para evitar o contágio com o novo coronavírus. “Não saímos, e, quando os filhos nos visitam, eles não entram, ficam lá fora, com máscara e álcool em gel”, observa.

O beneficiário nunca imaginou passar por um período assim. Quando era criança, vivenciou Segunda Guerra Mundial e, apesar de se lembrar de muitas coisas, não viveu nada parecido com a situação atual. “Meus pais eram descendentes de alemães e só falavam alemão. Eu aprendi a falar português com 7 anos de idade, quando fui para a escola. Nós morávamos em uma comunidade em que só se falava alemão, no Rio Grande do Sul, mas, de um dia para outro, o idioma foi proibido e passamos por dificuldades. Os alemães foram perseguidos, tivemos rádios confiscados, mas nunca ficamos presos em casa”, revela.

Sobre as poesias, Waldir relembra que já fez várias durante a sua vida para contar a sua história e as recordações de quando era jovem. Agora, a saudade foi o tema do primeiro poema escrito durante a quarentena. Confira:

Saudade

Saudades são sentimentos íntimos e emocionais,

Que atingem os seres racionais.

Ela vem com as lembranças do passado,

Nos momentos de felicidades,

Que sabemos não voltam mais.

Sinto saudades da juventude do meu tempo,

Que passou como o sopro de um vento.

Da minha mocidade e também passou com a tempestade.

Sobrou-me desesperança aliada pela confiança,

Para conquistar novas amizades

Que sejam minhas aliadas,

Para combater a solidão,

Que tanto magoam o coração.

Quero viver com alegria,

Para cumprir a minha missão.

Waldir Schreiber

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