Casos de dengue caem, mas coexistência com Covid-19 preocupa

Casos de dengue caem, mas Covid-19 preocupa
(Foto: Pedro Ribas/SMCS)

Os casos de dengue no Paraná caíram 90%, mas a coexistência da doença com a Covid-19 preocupa autoridades

Após a pior epidemia de dengue da sua história entre 2019 e 2020, o Paraná conseguiu reduzir a incidência da doença em cerca de 90% no ano epidemiológico 2020 / 2021 (que vai de agosto de 2020 a julho de 2021). O boletim da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado na última terça-feira (27), mostra a confirmação de 11.876 casos da doença, sendo 179 casos severos, com 19 óbitos. No mesmo período do ano passado, o estado já tinha mais de 114 mil casos, com 111 mortes. Apesar da queda drástica nos números, que é considerada comum devido à sazonalidade da doença, a coexistência da dengue com a Covid-19 que teve, em abril, o pior mês desde o início da pandemia no estado, em março do ano passado, preocupa as autoridades.

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Na última semana, inclusive, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou o primeiro caso confirmado em laboratório de paciente contaminado com os dois vírus ao mesmo tempo. A dificuldade em se identificar clinicamente qual das doenças está acometendo o paciente que chega à unidade de saúde com sintomas como febre e dores no corpo e dar o encaminhamento correto fez com que a Secretaria publicasse notas técnicas orientando o manejo.

Sintomas podem confundir entre dengue e Covid-19

Quem já sentiu febre, dor de cabeça e no corpo em algum momento durante esta pandemia provavelmente desconfiou de covid-19. Mas nem sempre essa suspeita se confirma. É que esses sintomas causados pelo novo coronavírus são comuns a várias doenças, inclusive à dengue. O principal fator de atenção, alerta a Sesa, são os sintomas respiratórios, que não são comuns à dengue.

“No Paraná, a sazonalidade dos casos de Dengue no período epidemiológico de 2020-2021 ocorrerá em meio ao cenário preocupante de transmissibilidade da COVID-19. As equipes de saúde que atuam em regiões historicamente epidêmicas para dengue precisarão organizar fluxos de acolhimento e atendimento que levem em consideração as características individuais dos dois agravos, sem dificultar o acesso da população aos serviços de saúde”, diz a nota técnica. “Por compartilharem semelhanças clínicas e laboratoriais, é necessário assegurar o manejo clínico oportuno e adequado, levando em consideração as particularidades de cada agravo, independente de confirmação laboratorial, contribuindo com o prognóstico favorável dos casos suspeitos”, prossegue.

Recomendações

A secretaria estabelece que toda o quadro com sintoma respiratório seja tratado como caso suspeito de Covid-19 e recomenda que “diante de um caso febril, com sintomas inespecíficos, que não permita diferenciar casos leves de Dengue ou COVID-19 na fase inicial, orienta-se que se mantenham os cuidados de contato e manejo clínico preconizados para sintomáticos respiratórios, procedendo ao estadiamento e manejo clínico da Dengue.

A evolução para gravidade nos casos de Dengue e Covid-19, com comprometimento respiratório moderado/grave, ocorre geralmente em períodos (tempo) diferentes, a partir da data de início dos sintomas, com sinais clínicos de gravidade e exame de imagem geralmente distintos, permitindo o diagnóstico diferencial”, diz a nota técnica. “Destaca-se que não é orientado aguardar confirmação laboratorial específica para o manejo da Dengue Grave, da mesma forma que nos quadros suspeitos de COVID-19 não se aguarda a confirmação por RT-PCR (Biologia Molecular) para recomendar o isolamento respiratório. A avaliação clínica, bioquímica, da oximetria e de exames de imagem (radiografias, ultrassonografias e tomografia computadorizada) permitem a suspeita ou diagnóstico clínico das formas graves”, conclui o documento.

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