Capital humano e profissionalização

Capital humano e
profissionalização

Investimento na gestão e nos colaboradores garantiram conquistas 

São 40 anos de história e os últimos 20 anos defi-niram a estruturação e o fortalecimento da Federação Unimed Paraná e o surgimento de uma nova cultura. Isso porque, do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a atenção da diretoria se voltou, de forma mais profissionalizada, para um tópico essencial em qualquer administração: a gestão. A fim de fortalecer o Sistema como um todo, houve centralização dos processos a partir do modelo desenvolvido pela Unimed Curitiba, estendido para todo o estado. A difusão do modelo às Singulares foi conquistada por meio dos cursos de ca-pacitação ofertados. Em parceria com a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Paraná (Sescoop/PR), o ensino atingiu de forma massiva a todos. “A par-tir do ano de 2010, fomos consolidando essa educação voltada à gestão. Incluindo orientações como a introdu-ção das boas práticas, ‘5 S’, entre outros”, destaca o pre-sidente da Federação, Paulo Roberto Fernandes Faria.
Além do sistema de gestão, outro aspecto que im-pulsionou o crescimento da Federação foi o desenvol-vimento de softwares voltados ao aprimoramento dos processos internos, com a finalidade de atender às nor-mas legais e regulamentares. De acordo com Faria, du-rante essa estruturação a própria Agência Nacional da Saúde (ANS) teve um papel propulsor na profissionali-zação da Federação, que encarou com muita seriedade os desafios impostos para atender às demandas legais.
Alinhado a esse cenário, os colaboradores sempre foram incentivados a buscar aprimorar o conhecimen-to, além dos treinamentos fornecidos. “O que modifica a gestão de maneira significativa é o preparo das pes-soas, o conhecimento e, com isso, muda-se o aspecto da gestão. Sendo assim, a Unimed forneceu subsídios e incentivos à formação dos seus profissionais e segue dessa forma para que seja um processo contínuo de evolução”, destaca o presidente. 

COLHENDO OS FRUTOS

Subsequente aos avanços na gestão e alinhada aos propósitos alcançados, somou-se também o planejamento orçamentário e, dessa forma, a Unimed foi se consolidando no Paraná. Os investimentos ocorreram em aspectos internos e externos, e na avaliação de Faria, os ganhos são evidentes. “Hoje, nós entregamos uma assistência melhor aos nossos beneficiários, aprimorada por uma gestão, muito responsável, preocupa-da em trazer valor ao cliente. Isso implica na facilitação da vida do beneficiário, aumento do acesso aos serviços, melhora da qualidade na rede prestadora, entre outros”, avalia.
A opinião é compartilhada também pelo presidente da Unimed do Brasil, Orestes Pullin. “Primeiro, temos hoje uma gestão cada vez mais profissionalizada. Vejo cooperados em cargos diretivos em todo o Sistema Unimed buscando especialização em administração e em gestão de recursos e de pessoas. Isso é ótimo, pois traz ao sistema cooperativo uma visão mais técnica em sua direção, o que tende a permear todos os processos entre as cooperativas e as preparar para os desafios contemporâneos de mercado”, pontua.
Segundo Pullin, a Unimed Paraná é uma das precursoras e protagonistas na implementação e na defesa de modelos necessários para a sustentabilidade da saúde no país, como a Atenção Integral à Saúde e a reformulação da remuneração médica e de prestadores. “O setor privado é responsável por 57% do financiamento da saúde no Brasil e isso remete a ele uma importância grande na condução das mudanças fundamentais para a área. O foco hoje tem de estar cada vez mais na prevenção e no uso inteligente dos recursos disponíveis e vejo a Federação como grande contribuinte para essa reformulação”, complementa e reforça o presidente da Unimed do Brasil.

PRÓXIMOS PASSOS 

Em acordo às tendências, a Federação também vem incorporando cada vez mais o uso de ferramentas tecnológicas que contribuem para agilizar os processos de gestão. Na visão do presidente da Federação, entre os desafios a curto prazo está a busca pela estabilidade da rede assistencial no estado, com destaque para o interior. “Outro desafio é a mudança do modelo assistencial e também a mudança dos modelos de financiamento da saúde que vem sendo encarada de uma maneira muito séria e pragmática por nós, mudanças nas quais estamos trabalhando com os profissionais mais especializados da área no país”.
O modelo assistencial é um ponto importante a ser considerado, como destaca também Pullin. “Analisando os números, os custos assistenciais crescem a uma taxa média de 15% ao ano, mais que o dobro da inflação. Por isso, é preciso rever o modelo assistencial e até mesmo de remuneração”, assinala e complementa que o foco precisa estar na prevenção para garantir uma assistência com a qualidade necessária e a valores justos.

CONSOLIDAÇÃO

União e integração marcaram o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 da Unimed Paraná. Luiz Carlos Misurelli Palmquist, hoje um dos diretores da Fundação Unimed, foi diretor-presidente da Unimed Paraná, de 1996-2006. Referenciado por seu espírito conciliador e visionário, o amigo, médico, cooperado e administrador Palmquist é reconhecido pelas sementes importantes que plantou na administração da Federação.
Além da reorganização institucional, que dividiu o estado em quatro regiões administrativas e compôs o Conselho Administrativo de maneira que abranja todas essas regiões, deu o pontapé inicial para a união e cooperação que permeia as Unimeds do Estado do Paraná.
Os ajustes, promovidos por ele e sua equipe, na estrutura da Federação permitiram uma aproximação maior das Singulares, tornando mais ágeis, transparentes e democráticas as decisões e também os processos.
Outro grande desafio foi a reformulação, necessária, das Unimeds paranaenses “à nova e complexa regulamentação do setor pela Lei 9.556, em 1998, e em 2000, da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar”, como consta no livro dos 30 anos da Unimed Paraná.
Não é fácil gerir uma empresa, não é fácil gerir uma cooperativa, afinal é uma empresa de vários donos. Porém, é mais difícil ainda gerir uma cooperativa de médicos, uma cooperativa de saúde. Não só por toda a regulamentação que existe e, com isso, os inúmeros desafios, mas justamente por tratar-se de saúde, de lidar com pessoas e pessoas que, na maioria das vezes, encontram-se em seus momentos mais frágeis da vida.
“Como uma empresa que cuida de pessoas pode cumprir seu papel se não for extremamente bem cuidada? Isso implica bom gerenciamento, boas decisões, nem sempre fáceis, nem sempre agradáveis a todos. A importância de gerir profissionalmente a Unimed Paraná cresceu à luz das novas realidades. Sejam econômicas, políticas ou sociais, que sempre se fazem presentes”, avalia.
Foi nesse sentido que, em determinado momento, foi necessário ir na contramão do que parecia ser o óbvio e promover incorporações de Singulares que não apresentavam bons resultados. “Nas minhas andanças pelo estado, lembro que muitas vezes o José Ricken, atual presidente da Ocepar, na época superintendente, ia junto. Isso por amor ao cooperativismo e por acreditar na Unimed, no cooperativismo de saúde”, destaca.
“A decisão de promover incorporações foi importante, porque na época havia cidades em que não existiam volume de médicos, nem de beneficiários, que pudessem justificar a existência de uma cooperativa local, portanto, a região foi adotada por outras Unimeds próximas”, explica. O profissionalismo da Unimed Paraná, o controle administrativo desenhado junto à Ocepar, serviu de modelo para a própria Unimed do Brasil. “O Paraná foi pioneiro no acompanhamento das Singulares”, lembra Palmquist. Algo que foi aprimorado e afinado ao longo dos anos. Seu último ato, como presidente, foi a entrega da sede, na rua Antonio Camilo, atualmente sendo ampliada.

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